segunda-feira, julho 13, 2009

Eterno amor - Conto Vampírico

Estava frio naquela noite. Eu estava com minha amiga no cemitério de Santiago, me divertia sair com ela para circular por aí. Maggie era linda, olhos escuros, cabelos castanho claro e um corpo lindo. Eu, ah. Não sou tão bonita como ela.
Paramos em frente a um grande mausoléu. Era grande, feito de mármore negro, tinha duas estátuas de cada lado. Dois gárgulas para ser mais específica.
- Aqui está perfeito, Cíntia. – disse Maggie olhando em meus olhos.
- Hum... Tem razão, é perfeito.
Sentamos no túmulo e fitei os gárgulas ao lado do mausoléu. Eram belos em seu aspecto sombrio e animalesco. Expressões serenas, sem caretas, como era de se esperar que fossem as estátuas como aquelas. Olhei por mais alguns segundos, retirei a máquina fotográfica que sempre carregava em minha mochila e comecei a tirar fotos de Maggie junto das estátuas.
- Não vai me morder, hein bonitão? – disse ela dando um selinho em um dos gárgulas.
- Espere! – disse depressa, não queria perder aquela cena. – Fique assim, estou com um belo ângulo aqui.
Maggie ficou de quatro em cima do túmulo de mármore e foi beijando a estátua delicadamente. Se alguém se depara com aquela cena, teria certeza que estávamos loucas. E de fato talvez estivéssemos.
Depois de várias fotos e de vários beijos nos gárgulas, tiramos fotos nós duas juntas. Maggie fez questão de tirar foto dano um selinho em mim também.
- Vamos fazer um pacto, Cíntia? – perguntou ela ainda com o rosto próximo ao meu. – Para que nossa amizade dure para sempre?
Eu não sabia o que responder, ou o que ela estava querendo com aquilo tudo, fui pega de surpresa. Observei em silêncio seu lindo rosto. Sua pele muito pálida tinha um brilho maravilhoso ao luar. Não imaginava que aquilo fosse mexer comigo como mexeu. Fiquei olhando para ela, os lábios ainda muito próximos aos meus.
- Oh... Você diz, de sangue e tudo? – sussurrei para ela.
- Sim! – sussurrou ela em resposta. – Com sangue e tudo.
Maggie pegou minha bolsa, procurando algo dentro, mas eu não sabia ao certo o que era. Retirou o punhal de prata que sempre lavava comigo. Primeiro porque gostava dele. Segundo, porque nunca se sabe quando var precisar se defender.
Segurou a lâmina do punhal com força em sua mão esquerda, fechando-a com vontade. Olhou para mim com paixão e puxou rapidamente o punhal, fazendo um corte profundo em sua mão. Passou-o para mim sem dizer nada, mas esperando que eu fizesse o mesmo. Segurei o punhal pensativa, aquilo que ela estava fazendo tinha que fazer algum sentido para mim.
- Vamos, garota! – sussurrou ela.
Olhei sua mão mais uma vez, estava sangrando muito, as gotas de sangue estavam caindo sobre o túmulo. Fitei seus olhos com ternura e fiz o mesmo, mas tive que reprimir um grito, pois a dor era muito forte.
- Depois disso, seremos eternas. – disse estendendo sua mão para mim.
Fiz o mesmo para ela e nossas mãos estavam coladas, com os dedos entrelaçados com força. Maggie aproximou-se de mim com os olhos fechados, aquilo estava fora de controle, mas eu estava começando a ficar excitada com toda aquela situação. Trocamos um beijo acalorado, sua língua era doce e nada comparado com o beijo dos meninos do colégio, havia paixão em sua boca. Depois de alguns minutos nos beijando, ela se afastou, olhando em volta e se maravilhando com o que acabara de acontecer.
- Esta vendo isso, Cíntia? Quer dizer, consegue ver algo com toda essa névoa em nossa volta? – perguntou ela com um lindo sorriso.
Eu não havia percebido que estávamos completamente envoltas em névoa. Me perguntava de onde tinha saído toda aquela névoa, já que não estava assim quando chegamos.
- Não! O que está acontecendo aqui, Maggie. – perguntei um pouco assustada.
- Não faço a mínima idéia, mas estou adorando. Parece que nosso pacto foi consumado. – respondeu ela me olhando novamente.
Olhei para o túmulo e não havia sinal do sangue que escorrera de sua mão, o mármore estava limpo. Levantei-me depressa quando senti que o túmulo estava tremendo. Cíntia fez o mesmo rapidamente. A névoa que tomava conta do cemitério pareceu ser sugada para dentro do mármore negro, o que era algo muito assustador de se ver.
- O foi isso, Cíntia? – gritou Maggie.
- Não sei, não sei. O que nós fizemos? – disse olhando-a nos olhos.
Não houve tempo para respostas, a parte superior do túmulo se ergueu como se alguém ou alguma coisa estivesse empurrando por dentro, querendo sair. Fiquei horrorizada com a cena que não pensei em correr, só queria ver o que sairia dali. Maggie recuou um passo quando o mármore que estava sendo empurrado tombou de lado. Peguei seu braço para corrermos para longe, mas ela me deteve com um puxão no braço.
- Não vou sair daqui, Cíntia. Quero ficar para ver o que nós libertamos. – disse ela decidida.
- O que? Está maluca? Não fomos nós que fizemos isso e se não sairmos daqui logo, nosso pacto terá sido em vão. – gritei para ela.
Não houve tempo par a pensar, um homem levantou-se do túmulo. Sua pele era enrugada, como a de um velho, foi ficando mais lisa e pálida com o passar dos segundos. Nunca tinha visto nada igual, e ao que parecia, nem Maggie. O homem observou suas mão e seu corpo – que já estava completamente sem as rugas – com um interrogação no olhar. Depois me fitou com um olhar que quase me fez esquecer que ele era um cadáver e tinha saído de dentro do túmulo em que eu e minha amiga estávamos sentadas. Ele parecia admirado enquanto alternava o olhar entre mim e Maggie.
- Devo muito a você, meninas. – disse o homem com uma voz doce.
Suas palavras foram como um balde de água fria em meu corpo, levando embora todo o terror e a aversão que eu sentia pela cena que acabara de presenciar. Pelo visto, teve o mesmo efeito em Maggie, se não pior.
- O... qu... que é você? – gaguejei para ele.
Maggie me olhou, depois para a criatura a nossa frente, parecia não estar acreditando que isso estava acontecendo tanto quanto eu. Olhou para sua mão esquerda que ainda sangrava. O homem – ou o que quer que fosse – dirigiu o olhar para ela no momento em que ela o olhava de volta. Rapidamente me posicionei ao lado dela em uma espécie de guarda protetora.
- Você é o que estou pensando que é? – perguntou Maggie.
- Posso ser o que vocês quiserem. Amante ou carrasco. Decidam vocês o que eu sou . – respondeu com a voz ainda mais doce.
- Isso não pode estar acontecendo. – sussurrei olhando para minha mão que ainda sangrava, assim como a de Maggie.
- Seu amor por Maggie me despertou, Cíntia. O sangue derramado de Maggie me deu forças para me erguer do túmulo, de tão cheio de paixão que era. – sussurrou ele.
Troquei um rápido olhar com Maggie, depois voltamos a olhar para o home, que não estava mais no lugar onde estava.
- Agora vocês serão minhas para todo o sempre. Nosso amor ultrapassará a eternidade.
Vi um par de presas vindo em direção ao meu pescoço. Não pude me defender da criatura que era rápida e forte. Sua mordida me causou um enorme prazer, um prazer que eu comparava ao orgasmo, só que mais intenso e duradouro. Em meio ao prazer, ainda pude ver Maggie fitando o punhal no chão, que eu não fazia idéia que havia deixado cair de minhas mãos, mas o vampiro fez um movimento com a mão direita e ela foi ao chão como se tivesse desmaiado.
O vampiro me largou e foi ao encontro de Maggie, em parte eu estava feliz por ainda estar viva, mas o prazer foi tão intenso que eu teria pedido para ele não sair se minha vida não estivesse em risco. Ele abaixou-se sobre Maggie, examinando-a com admiração e desejo. Arrancou o espartilho que ela usava com um só movimento, observando os seios dela. Eu não podia imaginar que amava tanto Maggie até vela nessa situação, em perigo. Passou as unhas grandes pelas coxas de minha amiga e parou em seu sexo, fazendo movimentos circulatórios.
Retirei toda a força que me restara para me arrastar e agarrar o pé do monstro que estava em cima de minha amiga, meu amor.
- Não... faça isso. – sussurrei.
A última coisa de que me lembro daquela noite foi dos olhos em brasa viva me fitando com uma fúria animal. Na noite seguinte, tanto eu quanto Maggie éramos vampiras, e Santiago, era nosso mestre.

EDSON DAEVA

Um comentário:

  1. Grande meu amigo, a cada dia se superando mais e mais. Ah e tbm mudando os estilos né.
    Ficou muito massa!
    Já leu o meu conto sobre Duanny, a emo?
    Olhe lá depois e comente tbm né.
    Sangue nos olhos!

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