terça-feira, agosto 25, 2009


- Não sei por que fiz aquilo. Quer dizer, eu amava o Tony. Não queria magoá-lo. Não intencionalmente. Mas acho que parte de mim queria isso, não é? Quer dizer, por que eu sairia com aquele outro cara?
- Mas você saiu realmente com ele. E agora Tony está morto. Como é que você se sente a respeito?
Tamara olhou feio para a psiquiatra. “Como é que você acha que eu me sinto?”, ela pensou. Apanhou um lenço de papel e assoou o nariz.
- ‘Tá legal, eu fiz merda. Mas não sou desse jeito. Nunca tinha traído ele antes. Quando aconteceu, ele ficou tão nervoso que foi atrás do cara.
- Não estamos falando do Tony. Estamos falando de você. A raiva do Tony é... era.. problema dele. Não estou culpando você, Tamara. Meu papel é ajudar. É importante sermos honestas uma com a outra. Se guardarmos nossa raiva, ela nos consumirá aos poucos.
Tamara não queria nada daquilo, mas seus pais a obrigaram. Terapia. Dane-se. Ninguém sarava conversando. Havia outras maneiras de se sentir bem consigo mesma, maneiras que não envolviam palavras. Mas lá estava a psiquiatra, a Sra. Van Heuvel, uma vaca intrometida que aparecera na casa dos pais de Tamara, enviada pela polícia. Ou melhor, “recomendada”. Pelo menos era o que ela achava ter ouvido.
- Tamara – disse a Sra. Van Heuvel. – Fale sobre o homem com quem você saiu do bar. Quem era ele?
- Não sei. Eu não o conhecia. Mas era um gato. O cara mais lindo que eu já tinha visto. Droga até você teria saído com ele. – Tamara estremecfeu. Ela não tivera a intenção de dizer aquilo.
- Continue – prosseguiu a Sra. Van Heuvel, impassível.
- Nós... fomos lá para fora, para o beco. Sei que vai parecer coisa de piranha, mas... Meu Deus, acho que eu simplesmente queria o cara. Não sei por que. Eu só queria. Ele tinha um jeito todo especial.
- Ele mordeu seu lábio? Foi isso que li no relatório da polícia?
Tamara franziu o cenho.
- Hã... não. Eu ... Bem, havia sangue e minha boca, então... É eu acho que ele deve ter me mordido.
- Sangue? O dele ou o seu?
- Hã? Eu... Ah, meu Deus. Era o dele! Como é que você sabia? Só lembrei agora, neste instante. Foi muito esquisito. Ele me deu um pouco do sangue dele... e eu bebi.
- Você gostou?
Tamara olhou ansiosamente para a Sra. Van Heuvel. A psiquiatra tinha uma estranha expressão no rosto.
- Porque, se tiver gostado, posso dar um jeito de você conseguir o quanto quiser.


*OBS: Este conto foi retirado do Livro de regras do Mundo das Trevas. Portanto, não é de minha autoria.

Um comentário:

  1. Deveras, esse conto é realmente bom ... Perfeito para parametros de sofrimento e ilusões que os mortais sentem pelos vampiros ...

    ahahahahahahaa
    Sangue nos olhos!

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